segunda-feira, 30 de maio de 2011

Consagrar-se a Virgem Maria

A primeira etapa para se chegar a uma consagração a Virgem Maria é passar pelo processo da devoção, cujo tema, vimos anteriormente. A devoção é o caminho do conhecimento, da intimidade e do nosso interesse pela pessoa de Maria.

Em uma linguagem mais atual, seria como que seguir a pessoa de Maria, termo muito usado hoje em dia nas redes sociais do twitter e facebook. Quando falamos que estamos seguindo uma pessoa, estamos ao mesmo tempo dizendo que estamos interessados naquilo que esta pessoa faz, fala e pensa que suas atitudes têm ressonância com aquilo que eu sou. Pelo menos este deveria ser um dos princípios básicos para se seguir alguém nestas redes sociais. Há pessoas que se importa com números e quantidades, mas saiba que quando alguém resolve te seguir, significa que esta pessoa está interessada naquilo que você pensa e é.

A devoção a Virgem Maria nos leva a este interesse do profundo conhecimento da pessoa de Maria, da sua missão, do seu perfil de mãe e por tanto, do seu papel de serva e mãe da Igreja.

Então podemos dizer que em nossa caminhada espiritual e cristã, seguimos Maria porque ela segue Jesus, e seguindo Maria, alcançaremos mais rápido ainda Jesus, pois ela o alcançou no calvário e por Ele e com Ele, transcendeu os limites desta vida terrena.

Esta é a primeira etapa para a consagração. Ser devoto, seguidor de Maria, se apaixonar por ela, por aquilo que ela é, faz e nos convida a viver. Então, o segundo passo nos levaria mais perfeitamente conscientes a consagração. Não dá para pular etapa e consagrar-se sem antes conhecê-la e amá-la. Quanto maior e mais consciente for a nossa devoção maior e mais perfeita ainda será a nossa consagração.

São Luís Grignion de Montfort afirma que “a mais perfeita devoção é aquela pela qual nos conformamos, unimos e consagramos mais perfeitamente a Jesus”. Tratado da verdadeira devoção à SS.ma Virgem, nº 120 de S. Luís de Montfort Portanto, a devoção e a consagração a Virgem Maria deve unicamente nos levar a uma maior e mais perfeita consagração a Jesus.

“Maria é de todas as criaturas, a mais conforme a Jesus Cristo, a que mais conforma uma alma a nosso Senhor”. Quanto mais uma alma se consagrar a Maria, mais consagrado estará a Jesus Cristo.

O Papa Leão XIII certa vez afirmou que; “toda graça concedida ao mundo, segue esta tríplice gradação; de Deus a Jesus Cristo, de Jesus Cristo a Santíssima Virgem Maria e da Santíssima Virgem Maria a todos nós”. Por tanto, Maria não esta exclusa desta hierarquia no plano de salvação.

Volto a trazer o exemplo do Papa e agora Beato João Paulo II, que consagrou todo seu pontificado a Santíssima Virgem Maria, confiando a ela toda sua vida, riquezas, e ministério. “TOTUS TUUS, Sou todo vosso e tudo o que possuo é vosso. Tomo-vos como toda a minha riqueza. Dai-me o vosso coração, ó Maria”. Tratado da verdadeira devoção à SS.ma Virgem, nº 216/233 de S. Luís de Montfort.

Ao consagrarmos a Maria, estamos dando a ela o direito de passar a frente de toda a nossa vida, nossas escolhas, projetos, sonhos e decisões. Assim, permitimos que Maria gerencie nossa vida segundo vosso coração de mãe, que sabe e intui aquilo que é bom para nós e que esteja em plena conformidade com a vontade de Deus.

Só podemos confiar a nossa vida a alguém se tivermos certeza que este alguém quer o nosso bem e tem como objetivo nos levar para o Céu. Daí o sentido da devoção, em conhecê-la, amá-la e segui-la.
É bom dizer também que este culto a Virgem Maria não induz a nenhum tipo de adoração que ocupe o lugar de Deus, pois somente a Deus devemos adorar. Tratado da verdadeira devoção à SS.ma Virgem, nº 115 de S. Luís de Montfort
A Igreja nos ensina que todas as devoções estão dentro de um termo teológico grego chamado “hiperdulia”, que significa a honra e o culto de venerações especiais dedicado aos Santos, Anjos e a Vigem Maria no campo da piedade popular.
A hiperdulia, que está inserido na dulia, que é uma veneração, diferencia-se muito da latria, que é o culto de adoração prestado e dirigido unicamente a Deus. Por tanto, o culto a Virgem Maria é perfeitamente reconhecido pela Igreja e se torna até obrigatório quando vem indicado pela liturgia.
A consagração é outro termo muito usado no antigo testamente, que implica uma dedicação integral a algo ou alguém que nos torna diferentes, para um devido fim. Somos separados apenas na ordem da graça do meio comum dos homens, porém, no meio dos homens para que a graça que está em nós possa alcançar a todos. É como a Eucaristia que após ser consagrada se torna pela ordem da graça o corpo e sangue de Jesus Cristo, sem desaparecer as características da substancia, pão e vinho. Assim somos nós quando nos consagramos a Deus ou a Virgem Maria, continuamos com as mesmas características do homem quanto carne, porém revestidos pela graça da consagração nos tornamos instrumentos especiais e espirituais com a finalidade de fermentar o meio que estamos na construção do mundo novo. Os judeus utilizam o termo Kiddushin, que se refere, entre outras coisas, à santificação pelo casamento, quando o noivo é separado, exclusivo para a noiva, e vice-versa, e ambos são separados para Deus.
Quando os católicos utilizam a palavra ‘consagrar’, mantêm o mesmo sentido: “separar”, tornar sagrado, tornar santo, porque pertence exclusivamente ao Santo que santifica tudo o que lhe pertence, tudo o que ‘toca”.

Então, não tenhamos medo de consagrar toda a nossa vida a Maria e confiar em suas mãos tudo o que somos, fazemos e pensamos, pois ao fim, seu Imaculado Coração Triunfará sobre todo mal, porque aos seus filhos coube a ela a missão de cuidar e entregar a Jesus, sãos e salvos.

Marcelo Pereira



quarta-feira, 18 de maio de 2011

Quem é esta que avança como aurora…

Maria é esta aurora que precede a luz do sol da justiça que é Jesus. A sua luz não ofusca a luz de Cristo porque o sol é a luz em potencial. Cristo é a luz do mundo em potencial, contudo, nos últimos tempos Maria deve brilhar em amor, misericórdia, força e graça como jamais brilhou em toda a história.
Paulo VI disse uma vez que; “em Maria os raios da beleza humana se encontra com os raios da Beleza Divina que é Deus”. Isto significa que a luz de Deus projetada em seu Filho Jesus se funde com o brilho da Luz de Maira, elas se encontram na mesma dimensão de beleza e pureza.
Nos inícios, durante a sua vida na terra, Maria quase não aparece em destaque, mesmo nos quatro evangelhos escritos pelos quatro evangelistas que viveram ao seu lado, mas isso não significa que a luz de Maria não brilhou entre eles, certamente por que maior que seu brilho e beleza era a sua humildade, que como um hábito, escondia sua beleza e graça aos olhos dos homens sendo apenas visível aos olhos de Deus.

Mas no decorrer da história, mais precisamente no fim dos tempos Maria deverá ser reconhecida e revelada pelo Espírito Santo a fim de que por ela Jesus seja mais conhecido e amado. É por Maria que as almas são chamadas a brilhar em santidade e graças.
Por ela Jesus veio pela primeira vez por obra do Espírito Santo, e por ela virá novamente na sua segunda vinda. Também é por meio dela que haveremos de nos encontrar com Jesus. É um canal único pelo qual Deus haverá de unir o céu e a terra, uma porta brilhante por onde Deus passa para chegar até nós e ao mesmo tempo é a porta pelo qual devemos usar para chegar até Deus.
Este é um grande sinal de que a volta de Jesus está próxima, pois quando Maria tornar-se conhecida, brilhante como o sol, redescoberta pelos filhos de Deus por obra do Espírito Santo, será o sinal da aurora que virá anunciar que Jesus vai voltar, o sol da justiça está prestes a brilhar. Cat. 972

A missão de Maria será sempre apontar para Jesus seu filho amado e querido. Ele é que deverá salvar a humanidade, porém, nada disso poderá acontecer se nós não a buscarmos, não a conhecê-la e receber de suas mãos a graça de merecê-Lo. Cat. 970 Não pode encontrar com Maria quem não a procura, e se a procura como encontrar-la se ela esta escondida. Justamente por isso que Maria precisa ser cada vez mais reconhecida para que as pessoas possam encontrá-la, e uma vez recebida, por ela formado em novo homem para assim entrar na Cidade Santa de Deus, lugar onde só os Bem-Aventurados, os descendentes de Maria podem entrar.
Por outro lado, o fato de estarmos debaixo dos raios de Maria, não nos poupa do nosso dever de vigilância diante do inimigo, pois é justamente pelo fato do demônio saber que pouco tempo lhe resta, ele redobrará seus esforços para atacar com mais veemência e impiedade os filhos da geração de Maria.

Desde Gênesis uma inimizade irreconciliável se estabeleceu entre o demônio e Maria, entre a sua descendência e a descendência dela e que tende aumentar sua fúria nos fins dos tempos. Gen 3,15 Mas isso não dá alguma vantagem ao inimigo, porque Maria é mais temível como um exército em ordem de batalha, brilhante como um sol, avança como aurora revelando o triunfo do seu Imaculado Coração aos filhos seus. Cântico dos Cânticos 6,10
Então neste momento terrível da história que esta por vir, onde o inimigo irá usar de toda sua força, todo seu exército e toda a sua artimanha para nos destruir, será melhor estarmos protegidos debaixo do manto virginal de Maria, pois nenhum mal poderá nos atingir porque a ela o inimigo jamais poderá vencer. Durante uma sessão de exorcismo o demônio chegou a confessar que para eles, debaixo do manto de Maria é impossível penetrar, pois é um manto sem qualquer mancha de pecado, (meio pelo qual os demônios usam para tocar em uma alma). Isso confirma o Dogma da Imaculada Conceição onde se estabelece que Maria foi concebida sem mancha de pecado original. O dogma foi proclamado pelo Papa Pio IX, no dia 8 de dezembro de 1854, na Bula Ineffabilis Deus. Assim, Maria se torna para nós uma arma de proteção contra nossos algozes espirituais. O Papa Inocêncio III dizia que “quando o nome de Maria é invocado um grande exército se levanta para combater junta a ela”. A maior força de Maria concentra-se na sua humildade, obediência e pureza que é a maior fraqueza de Satanás, que perdeu sua luz e beleza por orgulho, vaidade e toda sorte de impureza de coração.

Maria conhece o ponto fraco do demônio tanto quanto ele sabe o ponto forte de Maria. Para Satanás e os demônios em Maria não existe pontos francos, logo não existe nenhuma formas de penetrar por esta via. Então, ele sabendo que contra Maria não há alguma possibilidade de vitória, decidiu vir cegamente e cheio de fúria atrás de nós seus filhos para de alguma forma ferir-nos na fé, pois desprovidos da proteção de Maria somos alvos fáceis à destruição. Apoc 12,17
Desde o inicio esta sempre foi à grande jogada do demônio, uma estratégia que se aperfeiçoa na medida em que o tempo passa. Mas devemos reconhecer que Maria foi o grande trunfo de Deus contra Satanás, ele jamais poderia imaginar que Deus usaria de uma mulher para derrotá-lo, humilhante para quem é pai do orgulho, insuportável para quem era anjo de luz, mas agora destinado as trevas por toda eternidade. Maria foi e é o meio mais seguro pelo qual Deus encontrou para trazer a salvação aos homens na terra, um meio seguro, mais rápido, mais perfeito para vencer está guerra contra mal, S. Luís Grinion de Montifort.

Jesus o venceu porque aceitou passar pelo ventre de Maria. Ele sendo Deus não precisava, mas aceitou o plano de Deus e derrotou o inimigo segundo este método.
A receita está aí, o plano de Deus é este. Por meio de Maria haveremos de vencer o inimigo da nossa salvação neste vale de lagrimas. Maria marcha a nossa frente, junto a ela há um enorme exército de anjos que ao comando de São Miguel Arcanjo estarão em prontidão para todo e qualquer combate em favor das almas que Deus marcou com seu selo. Apesar do inimigo se parecer mais forte, não devemos ter medo, porque logo atrás de Maria está o nosso general, Jesus Cristo, o sol da justiça. Vai amanhecer e todos nós haveremos de ver esta luz que há de nos libertar de uma vez por todas de todo risco que nossa alma corre de ser perder.

Maranathá! Por Maria, vem Senhor Jesus.
Marcelo Pereira

Maria, Rainha dos corações

Maria recebeu permissão de Deus para cuidar do coração do homem sendo o primeiro deles o próprio Jesus. Esta autoridade sobre Jesus e que se estende sobre todo homem, faz parte do plano de Deus em salvar a humanidade, portanto, uma autoridade que visa à salvação de todos os homens.

A devoção a Santíssima Virgem Maria é necessário a salvação da humanidade. É no interior do homem que o Reino de Deus é implantado e Maria tem acesso a este lugar por ser Rainha dos corações.
É corretíssimo dizer que Maria é a Rainha do céu e da terra, porque a adoção de Maria a nós está não somente sobre nós quanto ao corpo, mas sobre tudo a alma. O corpo pertence à terra e a alma pertence ao céu. O coração do homem é o lugar onde residem as duas realidades, “céu e terra”, “corpo e alma”. O Reino de Maria atinge estas duas dimensões e é isso que a torna Rainha dos corações.

Este tipo de linguagem é próprio dos filhos de Deus. Bem aventurados os que fazem parte desta geração de Maria, pois somente a eles é revelado esse grande segredo. Só Maria dá aos miseráveis filhos de Adão e Eva a possibilidade de entrar no Reino de Deus pelos méritos dela formar em nós o novo homem nos mesmos moldes que ela gerou Jesus.

Se Maria é a Rainha do céu, isso significa que por ela existe um caminho que chega até lá, uma porta que se abre não para os invasores ou descrentes, mas aos eleitos, para aqueles que são frutos do teu ventre.

O Salmo 86, traz como título “Cidade de Deus”. Um lugar onde as pessoas são geradas para Deus, são os eleitos que povoarão esta cidade. Este lugar é teu ventre ó mãe, um lugar seguro, um escudo de proteção contra o inimigo, contra os algozes. É aí que queremos ser formados, gerados, transformados em homens novos. Ficamos por muito tempo deserdados do paraíso por causa da desobediência dos nossos primeiros pais Adão e Eva, mas Deus a escolheu como Cidade Santa, para reinar no coração dos homens, a fim de que, sendo vós a Rainha do nosso coração, tenhamos Jesus como nosso único Rei, Senhor e Salvador.

Marcelo Pereira

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Devoção a Santíssima Virgem Maria

Todas as devoções devem ter seu fim último em Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem. Nenhuma devoção por mais importante que seja não deve nunca ocupar o lugar desta devoção maior que é Jesus.
A devoção a Santíssima Virgem Maria tem como finalidade única, estabelecer com mais perfeição a devoção a Jesus Cristo nosso Senhor.
É verdade que muitos intelectuais espiritualistas baseados em filosofias cristãs e não cristãs tem esvaziado o valor da devoção a Virgem Maria criando doutrinas de caráter protestante, com o objetivo de separar Jesus de Maria e às vezes até de forma desumana.
São Luís M. Grignion de Montfort chega a dizer que é mais fácil separar a luz do sol ou o calor do fogo do que separar Jesus de Maria no que diz respeito ao plano de Deus em salvar o homem. Se Maria não existisse, Jesus não existiria para nós pela fé, da mesma forma que a luz não existiria se o sol não existisse.
Deus está mais perfeitamente presente em Maria que em todos os Anjos do Céu, diz São Luís de Montfort.
A indiferença a Virgem Maria gera indiferença a Jesus automaticamente. Negar Maria como parte do plano de Deus em salvar o homem, é negar Jesus e a própria salvação. Por outro lado, quando Deus encontra uma alma mergulhada na devoção a Virgem Maria, mais operante mais operoso e mais rápido se torna o processo de produzir Jesus nessa alma, pois o ventre que gerou o homem perfeito “Jesus Cristo” é o mesmo ventre que possuindo a forma na medida certa para gerar-nos também para Deus a estatura do homem perfeito, homens novos para um mundo novo.
Quem dera se algum dia alguém nos saudasse de bendito ou bem aventurado por ter nos encontrado no ventre de Maria como o fez Isabel sua prima ao ver Maria que exaltou dizendo; “Bendito é o fruto do teu ventre”, que alegria seria para mim, ter alcançado a santidade por meio de Maria, fruto do teu ventre ó mãe.
Recentemente, no segundo Domingo da Páscoa, Bento XVI ao inscrever no livro dos bem-aventurados o beato João Paulo II, em seu discurso o papa nos apresenta Maria como a “bem-aventurada” aquela que precede todas as outras bem-aventuranças. “Bem aventurada é aquela que acreditou no cumprimento de tudo que lhe foi dito por parte do Senhor” Luc 1,45
Maria se torna um modelo de bem-aventurança justamente porque acreditou no plano de Deus.
Para João Paulo II, desde o inicio de sue pontificado, Maria tornou-se esta referência de fé, alguém que ele escolheu para o conduzir no seu ministério de pastor da Igreja de Cristo. Ao tomar posse do seu cajado de Papa, João Paulo II manda introduzir em uma cruz de ouro a letra “M”, e na parte inferior direita o seu lema “Totus tuus”. Sou todo vosso e tudo o que possuo é vosso. Tomo-vos como toda a minha riqueza. Dai-me o vosso coração, ó Maria.

Para Karol Wojtyla, foram as mãos generosas de Maria que o conduziu ao longo de seus quase 27 anos de pontificado, e foi ela que o sustentou nas horas mais sóbrias.

Deixar-se formar por Maria é antes de tudo tê-la como esta referência, modelo de bem-aventurada, alguém que acreditou e que por este motivo participa na construção do homem novo segundo Jesus Cristo. Bendito é o fruto do teu ventre ó Maria. Bendito é aquele que escolheu seu ventre para se tornar Cristo no mundo. Bendito é o bem-aventurado João Paulo II que escolheu ser todo teu ó Maria e permitiu que tudo fosse feito por tuas mãos.

Foi exatamente isso que a Igreja proclamou no segundo Domingo de Páscoa. Bem-aventurado o fruto do teu ventre ó Maria, bendito é agora João Paulo II, filho de sua serva Maria, que agora está muito mais perto do Céu porque acreditou que o caminho, a verdade e a vida que é “Cristo”, têm como residência o seu ventre ó querida mãe.

Maria, “Porta do Céu”, rogai a Jesus para que cresça em nós cada dia mais este desejo de nos deixar formar por ti, que sejamos gerados no novo homem segundo Jesus Cristo, que essa união da minha alma com a tua graça tornem esta devoção um meio seguro de união mais profundamente entre nós e seu filho Jesus Cristo nosso Senhor.

Marcelo Pereira

Maria, Santuário do Altíssimo

Maria é a obra-prima do Altíssimo, nela Deus gerou seu filho para a humanidade por obra do Espírito Santo. Em Maria, Deus está mais magnificamente e mais divinamente que qualquer outro lugar do universo. Criatura nenhuma por mais pura que seja jamais poderá acolher Deus tão dignamente como Maria acolheu. Nela a Santíssima Trindade pode repousar com a segurança de quem a criou.

Por isso os Santos padres da Igreja chegaram a nomear Maria como o Santuário da Santíssima Trindade, justamente porque foi o próprio Deus que a instituiu cujo conhecimento e domínio, Ele reservou para Si.

O mundo desconhece a beleza de Maria porque é indigno e inapto. Mas Deus escolheu revelar a grandeza de Maria às almas que nela se encontra a caminho do paraíso celestial. Maria é a antecipação do paraíso já aqui na terra, pois nela Deus habita e se esconde a fim de que nós embora indignos por causa dos nossos pecados, o mereçamos aproximar de Deus por meio da dignidade de Maria.
Devemos nos aproximar de Maria como nos aproximamos da Igreja para encontrarmos com Deus. Nela Deus se encontra em plenitude justamente por Deus a ter escolhido como morada, portanto, um santuário onde a Santíssima Trindade habita.

Quem deseja conhecer Jesus e seu reino, deve antes ter a necessidade de conhecer o reino da Santíssima Virgem Maria, pois não há outro caminho mais curto que este.

Marcelo Pereira

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Alma Mater

“Alma Mater”, Mãe escondida e secreta, era assim que São Luís Grignion de Montfort chamava Maria. Característica própria da humildade de Maria que quis se esconder dos olhos humanos para ser conhecida somente por Deus.
Alma mater é uma expressão de origem latina que pode ser traduzida como “a mãe que alimenta ou nutre”.
O termo era usado na Roma antiga como um título para a deusa mãe, e, durante o Cristianismo medieval para aludir à Virgem Maria.  Nos tempos modernos, o termo é utilizado para referir-se à universidade, realçando a função da instituição como fornecedora alimentar para a faculdade intelectual.
Maria se manteve oculta durante sua vida na terra para que nada ofuscasse o brilho da luz de Cristo. A sua graça por ter sido ornada e escolhida por Deus para ser a mãe de Cristo poderia atrair os olhos dos homens para sua pessoa, mas Maria escolheu se esconder debaixo da luz de Cristo a fim de que a sua grandeza não desviasse os homens da luz maior, que é Cristo Jesus.
Nem mesmo os evangelhos revelam a grandeza de Maria para que também as gerações futuras não corressem o mesmo risco. Maria se revestiu de humildade, mas sua grandeza, suas riquezas e graças se manteve escondidas em Deus, passando assim despercebidas aos olhos de toda criatura humana. Contudo, o mesmo Deus que ocultou a beleza de Maria, é o mesmo que agora quer revelar ao homem. Já começou por revelar na anunciação do Anjo Gabriel “Salve ó Maria, cheia de graça, o Senhor é contigo, pois encontraste graça diante dos olhos de Deus”. Deus não só começou revelar os segredos de Maria aos homens como também intensificará nos fins dos tempos.
Maria é um tesouro a ser esculpida, mesmo que os homens venham a conhecê-la plenamente, Maria continuará sendo humilde, pois nem mesmo sendo reconhecida cheia de graça aos olhos de Deus, nem assim ela deixou de ser pequena e serva “…eis aqui a escrava do Senhor, faça-se de mim segundo a Tua vontade”. Da mesma forma, mesmo que chegarmos a um alto conhecimento das grandezas de Maria, jamais diminuirá a sua virtude de ser serva e humilde, pois no Céu, sua humildade prevalece ainda com mais excelência. Por outro lado, aquele que fazer a experiência com as riquezas de Maria será tão facilmente contagiado por seu brilho, que não voltará a enxergá-la simplesmente com os olhos da carne, mas também com os olhos de filhos que acolhe a ama.
Na difícil caminhada de nossa vida cotidiana temos que olhar para João o discípulo que Jesus amava e aceitar como ele aceitou acolher Maria em nosso coração que, a pedido do próprio Jesus, leva Maria para casa, não apenas como mãe de Jesus, mas agora como sua mãe também.
Mãe santíssima revelar-nos a tua grandeza, as tuas graças, os teus tezouros sem deixar-nos perder de vista a graça maior que é Jesus nosso Senhor. Pedimos ó mãe, que seja revelado a nós apenas aquilo que vai edificar a nossa alma, que vai nos levar para Deus, prevalecendo também em nosso coração à mesma humildade de quem busca servir a Deus na miséria e na pequenez de coração.
Assim seja ó Mãe…
Marcelo Pereira

Segunda via de sofrimento

Estamos caminhando e refletindo sobre a “Espiritualidade do Sofrimento”, tendo como pano de fundo a espiritualidade dos três Pastorinhos de Fátima

No último post vimos a primeira via de sofrimentos qeu consciste naqueles sacrifícios que podemos oferecer a Deus e desagravo e consolo aos corações de Jesus e Maria. Já na segunda via, julgo eu, ser a mais difícil, pois não a escolhemos, mas é o próprio Deus que nos seus mistérios insondáveis, nos permiti passar pelo fogo do sofrimento a fim de demonstrar seu profundo amor por nós, sendo Ele o primeiro a aceitar o desafio da reparação através da cruz, cujo nenhum de nós foi poupado. Por tanto, os sofrimentos que os Pastorinhos enfrentaram permitidos por Deus, tal como Nossa Senhora havia predito na aparição, deve ser entendido como uma forma de espiritualidade, uma via eficaz que possibilita a alma vislumbrar o Céu.  “Ides, pois, ter muito que sofrer…” (Memórias da Ir. Lúcia)
Penso ter sido um dos momentos mais sofridos da vida dos Pastorinhos, o episódio do dia 13 de Agosto, um imprevisto, que tardou a aparição de Nossa Senhora para dia 19. O administrador Artur de Oliveira Santos, retém os Pastorinhos presos durante três dias, ora em sua casa, ora na cadeia municipal.
Era dia 13 de Agosto de 1917, quarta aparição. Estavam os Pastorinhos presos durante todo aquele dia…
“À Jacinta, o que mais lhe custava era o abandono dos pais; e dizia, com as lágrimas a correrem pela face:
- Nem os teus pais nem os meus nos vieram ver. Não se importam mais de nós!
- Não chores, disse-lhe Francisco. Oferecemos a Jesus, pelos pecadores.
E levantando os olhos e as mãozitas para o Céu, fez ele o oferecimento: Ó meu Jesus, é por Vosso amor e pela conversão dos pecadores.
A Jacinta acrescentou: É também pelo Santo Padre e em reparação dos pecados cometidos contra o Imaculado Coração de Maria”.
É impressionante a atitude dos Pastorinhos. Para Francisco o que mais o contristava era o fato da possibilidade de Nossa Senhora nunca mais lhes aparecer. Quanto a Jacinta, chorava com saudades da mãe e da família, porém, Francisco tentava animá-la dizendo: “A mãe, se não tornamos a ver, paciência! Oferecemos pela conversão dos pecadores. O pior é se Nossa Senhora não volta mais! Isso é o que mais me custa! Mas também o ofereço pelos pecadores”. (Memórias da Ir. Lúcia)
Certamente, as pequenas crianças de Fátima não desejaram passar por este sofrimento, e nem mesmo escolheram está via por falta de opção, mas ao contrário, aceitaram de muita boa vontade como um bom soldado de Cristo à todos sofrimentos que lhes bateram a porta, e mesmo em grau de perigo. “Assume o teu quinhão de sofrimento como um bom soldado de Cristo Jesus” (II Timóteo 2,3). Eles foram capazes de dialogar com o mundo dos sentimentos, e agindo com consciência e maturidade no mundo espiritual, deram uma resposta heróica diante de Deus. Porém, mal sabiam eles que os sofrimentos de que falava Nossa Senhora eram semelhantes com certas torturas que costumamos ver em campos de concentração.
Para arrancar o segredo dos Pastorinhos, o Administrador, Artur de Oliveira Santos, não poupou esforços. Começou por lhes oferecer presentes e lhes fazer as mais lisonjeiras promessas. Mas os Pastorinhos por sua vez não se amoleceram. Então o administrador mandou seus guardas prepararem uma caldeira de azeite a ferver para os fritarem vivos, caso não quisessem revelar o segredo.
A primeira a ser provada foi Jacinta. Aparece um guarda com voz ameaçadora e grita: “Ou dizes o segredo, ou morres!
Como a pequena Jacinta responde “não”,
o guarda arrasta-a atrás de si.
Foi imediatamente sem se despedir de nós. Enquanto a interrogavam, o Francisco dizia-me com imensa paz e alegria:
Se nos matarem, como dizem, daqui a pouco estaremos no Céu! Mas que bom! Não me importa nada”.
Depois de alguns segundos, Francisco acrescenta: “Deus queira que a Jacinta não tenha medo. Vou rezar uma Ave-Maria por ela!”.
Como Francisco e a Lúcia responderam com a mesma heróica coragem, são ambos condenados à morte e lá vão corajosos, ao seu encontro.
Mas veja, não passava de uma maldosa façanha, de um cruel julgamento. Depois de ter fracassado com infrutíferas tentativas de lhes tirar o segredo, o Administrador reconduz então a Fátima os três Pastorinhos, na tarde do dia 15 de Agosto, festa da Assunção de Nossa Senhora, tendo então Maria, voltado a aparecer no dia 19, Domingo.
A heroicidade dos Pastorinhos, sem dúvida, é autêntica, simplesmente pelo grande desejo de consolar e reparar os Corações de Jesus e de Maria, mas, sobretudo, no profundo anseio de ver a conversão dos pecadores, e a salvação das pobres almas agonizantes na visão do inferno. “Nenhum sacrifício é mais agradável a Deus do que o zelo pela salvação dos homens…” E também: “O valor do mundo inteiro não se pode comparar com o valor de uma só alma” (S. Gregório Magno). Por isso, que cada sacrifício oferecido a Deus, seja ele voluntário ou involuntário, enviado por Deus ou não, tem o seu sentido único na Cruz de Cristo, lugar da redenção de todo homem. As virtudes dos Pastorinhos de Fátima não tiveram a finalidade de santificar apenas a eles próprios, mas sobre tudo, demonstraram uma profunda preocupação com as pobres almas sofredoras. A missão dos pastorinhos era justamente ajudar “salvar a todos”. “… ficai sabendo que quem reconduzir um pecador do caminho em que se extraviava lhe salvará a vida e fará desaparecer uma multidão de pecados”. (Tiago 5, 20)
Estar aberto a esta via de sofrimento e aceitá-la como benfício espiritual para nossa conversão e para a conversão de outros exige de nós muita intimidade com o cruxificado. Somente na intimidade com Cristo é possível enxergar que a cruz oferecida por Deus tem meritos de ressurreição, nisso precisamos crescer e buscar a cada dia, pois sem esta visão o sofrimento passa a tornar nossa cruz mais pesada que podemos carregar.
Marcelo Pereira

Duas vias de sofrimento dos Pastorinhos

Duas vias de sofrimento dos Pastorinhos

Existem vários tipos de sofrimento que poderíamos enumerar, porém é possível classificar na espiritualidade dos Pastorinhos duas vias de sofrimentos com virtudes de santidade.
A primeira via são os sofrimentos que eu posso oferecer a Deus voluntariamente através das práticas de piedade, “sacrifícios e penitências”. É espontâneo, é um ato que nasce da convicção do nosso amor para com Deus.
Já a segunda via, são representadas por aqueles sofrimentos que Deus nos envia segundo os seus desígnios com uma única finalidade de purificar a nossa alma. Ele sendo Deus e autor de todo bem, sabe tirar proveito até mesmo das conseqüências que o pecado original deixou em nós, permitindo-nos passar pelo fogo do sofrimento a fim de purificar o ouro “nossa alma”, até que estejamos em condições de refletir Jesus em nossa própria face. É uma via que caminha sobre o mistério da dor, mas que tem resultado de graças no seu percurso final. São dois caminhos distintos, mas intimamente ligados um no outro, com capacidade de dialogar com a virtude da sabedoria que nasce da humildade do coração dos três Pastorinhos que souberam administrar com maturidade os seus sofrimentos.
Vamos começar por conhecer alguns dos sacrifícios com características de sofrimento que os Pastorinhos ofereceram a Deus voluntariamente em ato de reparação pelos pecados com que Ele é ofendido, e de súplica pela conversão dos pecadores. São sofrimentos que partiram da iniciativa deles próprios, com um profundo sentimento de consolar os Corações e de Maria transpassados pela espada do pecado de toda humanidade.
Vejamos alguns exemplos que caracterizam esta primeira via.
Por vezes, os Pastorinhos não comiam a merenda, que era a sua refeição do meio-dia, para distribuírem primeiro às ovelhas e depois aos pobrezinhos, dizia o Francisco. “… demos a nossa merenda às ovelhas e fazemos o sacrifício de não merendar”. Deixavam muitas vezes de comer os figos e as uvas apetitosas que muitas vezes sua mãe lhes trazia enquanto brincavam. Jacinta, que nunca se esquecia dos pobres pecadores, disse: “Não os comemos – dizia ela – e oferecemos este sacrifício pelos pecadores”. Depois, saíam pela rua a levar as uvas apetitosas para as crianças que brincavam. Os Pastorinhos tinham costume de durante o tempo que cuidavam do rebanho se alimentarem das bolotas de Azinheira, uma árvore muito típica em Portugal. Um certo dia, a pequena Jacinta está a reclamar de muita fome, Francisco logo subiu a arvorezinha para encher os bolsos, mas Jacinta logo se atina que, recordando dos pobres pecadores, sugere a Francisco, trocar as bolotas da Azinheira pelas dos Carvalhos, que são extremamente amargas. Isso, só para oferecer como sacrifício pelos pecadores. Faziam habitualmente este sacrifício. Um dia Lúcia questiona dizendo: “Jacinta, não comas isso, que amarga muito”. E ela responde: “Pois é por ser amarga que eu como, para converter os pecadores”. Tinham também por costume de vez em quando, oferecer a Deus o sacrifício de passar uma novena sem beber água, e fizeram isso uma vez durante um mês inteiro em pleno verão em que o calor é sufocante. Certa vez, quando estavam a rezar o Terço na Cova de Iria e Jacinta sofria uma terrível dor de cabeça por causa da sede que sentia. Havia ali perto uma lagoa, onde várias pessoas lavavam roupas sujas e os animais iam beber água e banhar-se. Jacinta inclinou-se para beber daquela água, mas Lúcia interveio dizendo; “Desta não!” e sugeriu andar mais um pouquinho, a pedir sua Tia Maria dos Anjos, mas Jacinta responde: “Não! Dessa água boa não quero. Bebia desta, porque, em vez de oferecer a Nosso Senhor a sede, oferecia-lhe o sacrifício de beber desta água suja”. E acrescentou: “Nosso Senhor deve estar contente com os nossos sacrifícios, porque eu tenho tanta, tanta sede! Mas não quero beber; quero sofrer por seu amor”. Trazia ainda na cintura, uma corda e batiam com urtigas nas pernas. Francisco levou tão a sério, que além de passar o dia com a corda amarrada na cintura, dormia também com ela. Era tão forte este sacrifício que, Nossa Senhora, na aparição de Setembro, pede que Francisco modere este sacrifício. “Deus está contente com os vossos sacrifícios, mas não quer que durmais com a corda; trazei-a só durante o dia.” (Memórias da Ir. Lúcia)
Até os cantos dos grilos e das cigarras que atormentavam a pequena Jacinta, debilitada pela sede e pela dor de cabeça, foram oferecidos em sacrifícios pelos pecadores. Lúcia um dia, apanhava severamente de sua mãe, com um cabo de vassoura, pois tinha sido acusada injustamente, de ter escondido um dinheiro que na verdade, ela nem recebera. Sua irmã Carolina, que foi testemunha de que Lúcia era realmente inocente, aliviou-a de maiores sofrimentos, mas que por sua vez não desperdiçou a oportunidade de também oferecer este sofrimento ao bom Deus.
Deixavam os divertimentos mundanos, tais como os bailes só para ter motivos de oferecer algum sacrifício a Deus. Passavam horas seguidas com a cabeça no chão, repetindo as orações que o Anjo havia ensinado.  “Havia no nosso lugar uma mulher que nos insultava sempre que nos encontrava – conta Lúcia. Encontrámo-la um dia quando saía duma taberna, e a pobre, como não estava em si, não se contentou dessa vez só com insultar-nos. Jacinta diz-me: – Temos que pedir a Nosso Senhor e oferecer-lhe sacrifícios pela conversão desta mulher. Diz tantos pecados que, se não se confessa, vai para o inferno.
Passados alguns dias corríamos em frente da porta da casa desta mulher. De repente, a Jacinta pára no meio da sua carreira e, voltando-se para trás, pergunta:
- Olha, é amanhã que vamos ver aquela Senhora?
- É, sim.
- Então não brinquemos mais. Fazemos este sacrifício pela conversão dos pecadores.
E sem pensar que alguém a podia ver, levanta as mãozinhas e os olhos ao céu e faz o oferecimento. A mulherzinha espreitava por um postigo (pequena porta) da casa. E depois, dizia ela à minha mãe que a tinha impressionado tanto aquela ação da Jacinta que não necessitava de outra prova para crer na realidade dos fatos. E daí para o futuro não só nos não insultava, mas pedia-nos continuamente para pedirmos por ela a Nossa Senhora que lhe perdoasse os seus pecados. Eis uma conversão devida aos sacrifícios dos Pastorinhos, sobretudo da Jacinta”.
Esses foram alguns dos exemplos que confirmaram a santidade dos Pastorinhos. “A penitência impele o pecador a suportar tudo de boa vontade” (Cat 1450). Para os Pastorinhos, o que importava era consolar os Corações de Jesus e de Maria, tão ofendidos pelos pecados da humanidade, tudo lhes podia ser útil para transformar-se em sacrifício, o prazer do paladar, os divertimentos e descansos, até mesmo, sacrificar o próprio corpo para consolar a Deus. Tudo isso, com muito boa vontade, sem reclamações ou exibições, com profunda devoção e seriedade.
Para que não se prolongue muito a leitura deste tema, no proxímo post vamos conhecer a segunda via, porém é muito importante que você assimile bem esta via para dar continuídade no tema principal que é a “Espiritualidade do Sofrimento”.
Peço que Nossa Senhora nos ajude na compreenção deste caminho que estamos fazendo sobre a espiritualidade de Fátima, pois ela mesma quis que todos nós tivessemos o conhecimento desta via que por ela os Pastorinhos passaram para chegar ao Céu.
Salve Maria!
Marcelo Pereira

Consolar os corações de Deus, Jesus e Maria

Aprofundando um pouco mais no que toca o tema reparação, quero reafirmar o sentido pelo qual o sofrimento tem sentido redentor na vida do homem. A reparação vem dar sentido ao sofrimento humano, mais do que isso, a reparação tem poder de aliviar a dor causada pelas ofensas com que Deus, Jesus e Maria são ofendidos.
No post anterior começamos a perceber que, os nossos sofrimentos sejam eles voluntários ou não, podem ser oferecidos a Deus em ato de reparação dos pecados que eu cometi, e que outros cometeram, mas acima de tudo, com a reta intenção de consolar os corações de Deus, de Jesus e Maria, transpassados pelos pecados da humanidade. É mais do que justo, que eu me sacrifique por aqueles que continuam a ofender estes três corações, não podemos ficar inerentes ao apelo de conversão e reparação feito aqui.
Portanto, reparar não é um castigo imposto a nós, muito menos uma questão de troca de favores, pois de graça recebi, de graça devo oferecer.
Jesus foi o primeiro a oferecer a Deus este consolo e o fez de forma gratuita, reparou nossos pecados que ofendiam o coração de Deus, “Cristo tomou sobre Si as nossas dores, Ele morreu para que tivéssemos o perdão.” (cf Is 53, 6). Estávamos condenados à morte como um boi destinado ao matadouro, mas Cristo assumiu a nossa culpa, pagando o preço com o seu próprio sangue a dívida que tínhamos com Deus, devido à desobediência dos nossos primeiros pais (cf. Rom 5, 7). Ele não nos pediu nada em troca, foi gratuitamente que ele dispôs-se abraçar a sua Cruz, que no fundo no fundo, era a nossa cruz, e como um cordeiro, Cristo foi imolado, sacrificado por toda a humanidade. Cristo só espera de nós que, creiamos Nele e sejamos Santos. “Esta é a vontade de Deus a nosso respeito, que sejamos Santos assim como Vosso Pai que está no Céu é Santo.” (cf. Rom 3, 21).
Esta Reparação está ao alcance de todos, aceitá-la, é ao mesmo tempo, corresponder ao amor gratuito de Deus por nós, e contribuir no plano de salvação de toda humanidade. É indenizar a Deus devolvendo a Ele amor roubado pelos pecadores, cujo qual eu sou o primeiro.
Fátima é um convite dos tempos atuais para reparar toda ofensa contra os corações de Jesus e Maria, consolar estes dois Sacratíssimos Corações transpassados pela espada do pecado, da maldade e da ingratidão. Reparação significa, portanto, devolver a Deus o que lhe pertence, que é se não a concretização da nossa Salvação.
Eis o motivo pelo qual sofremos, “é feliz o homem que suporta a provação e os sofrimentos, porque depois de provado e testado, receberá a coroa da vida eterna”. (Cf. Tiago 1, 12) Há uma recompensa para quem assim proceder. O sentido que damos aos nossos sofrimentos é que vai determinar o tipo de recompensa que haveremos de receber. Infelizmente a nossa tendência é estamos sempre nos desviando da vida eterna quando não aceitamos os nossos sofrimentos e a cruz de cada dia. Quando fugimos dos nossos sofrimentos estamos fugindo da nossa própria cruz a que Jesus nos disse que sem ela não é possível ser seu discípulo, pois esta atitude de repulsa contra tudo que nos faz sofrer é própria do demônio, é característica dele fugir da cruz, porém nós somos convidados a utilizar de todos os nossos sofrimentos para sermos santos, para nos tornarmos inabaláveis na fé e fortes na provação. Eis o segredo para se chegar ao céu, aqui está à escada da felicidade eterna.
Já podemos pedir a intercessão dos beatos Francisco e Jacinta Marto, beatificados no ano 2000 por João Paulo II, que voluntariamente escolheram subir pela escada do sofrimento, e que em breve também poderemos pedir a intercessão de João Paulo II que será beatificado no dia 1 de Maio. Que ao exemplo deles, Maria nos ajude a subir degrau por degrau até alcançarmos o Céu.
Maria, porta do Céu rogai por nós!
Marcelo Pereira

quarta-feira, 2 de março de 2011

Ato de reparação

“Quereis oferecer-vos a Deus para suportar todos os sofrimentos que Ele quiser enviar-vos, em ato de reparação pelos pecados com que Ele é ofendido e de súplica pela conversão dos pecadores?” (Memórias da Ir. Lúcia)
Dando seqüência a nossa reflexão a respeito da espiritualidade do sofrimento podemos começar por afirmar que a “reparação” e a “súplica” é o objetivo principal do pedido de Nossa Senhora em Fátima, porém não é a única finalidade pela qual devemos sofrer. Deus não se limitou a isso, até porque não permitiria a existência do sofrimento se dele não tirasse algo bom, e com esta capacidade Ele introduz aos nossos sofrimentos outros valores que o tornam ainda mais precioso.

No decorrer das aparições em Fátima, Maria vai meio que em conta-gotas revelando o objetivo de suas mensagens sendo que em Julho, na terceira aparição, depois da visão do inferno em que é mergulhado os Pastorinhos, Maria lhes revela um objetivo ainda mais necessário a alcançar através da oração e da reparação. “Para impedir a guerra, virei pedir a consagração da Rússia a Meu Imaculado Coração e a Comunhão reparadora nos primeiros sábados”. (Memórias da Ir. Lúcia)
A consagração da Rússia junto à devoção ao Imaculado Coração de Maria e a Reparação dos Cinco Primeiros Sábados vai ser a grande motivação dos Pastorinhos que se entregaram totalmente a esta finalidade. Sobre isso veremos mais a frente, porém é importante aqui entendermos primeiro o significado da palavra reparação.

No dicionário a palavra reparação significa ato ou efeito de reparar-se ou reparar algo. Repare que a palavra “reparar-se” está na primeira pessoa, portanto, a mim cabe está função de reparação que também se entende por restauração que é devolver ao outro o direito da sua integridade original que de alguma forma eu denegri. Repara ainda significa indenização ou ressarcimento de algo que eu roubei do outro. Todo pecado gera conseqüências tanto para mim quanto para o outro, e estas conseqüências muitas vezes arranca lascas nas pessoas que estão próximas de nós. Por exemplo, quando falamos mal de uma pessoa, roubamos o direito da sua boa imagem, por mais que ela tenha errado, não temos o direito de roubar a sua boa imagem porque esta pessoa não é totalmente má, e certamente o mau que ela acaba fazendo no fundo não corresponde ao bem que ela foi por finalidade de criação destinada a fazer. Então, devemos ter uma consciência mais ampla do ser humano para julgá-lo e condená-lo, pois podemos estar arrancado pedaços da pessoa que vai exigir de nós uma atitude reparadora, que é a indenização e o ressarcimento dos direitos do outro. Pecar tem um custo muito alto para nós, pois reparar, indenizar ou ressarcir uma pessoa pelo mau que eu tenha cometido contra ela na maioria das vezes é muito mais difícil do que a dificuldade de ter evitado o mau que fiz contra ela.
Agora veja, vamos trazer isso para a primeira pessoa, quanto ao nosso pecado, não é somente ao outro que atingimos com o mal cometido, atingimos ainda outra dimensão que poucos que poucas vezes temos nos importado. Trata-se de uma dimensão espiritual. Todo pecado de qualquer gênero ou de qualquer dimensão tem conseqüências diretas ao coração de Deus, pois todo pecado é uma ofensa à desobediência contra o amor de Deus, razão pela qual tudo e todos nós fomos criados.

Foi por amor que Deus nos criou e foi através do amor que Cristo reparou e expiou toda ofensa contra o coração do Pai no sacrifício da cruz. “Ele nos conheceu e amou na oferenda da sua vida” Cat 616 Na Cruz de Cristo, não só realizou-se a Redenção através dos sofrimentos, mas também o próprio sofrimento humano foi redimido”.
Jesus foi o primeiro a fazer um ato de reparação, não pelo seu próprio pecado, pois Jesus não cometeu pecado sobre a terra, mas Ele sacrificou-se por nós, pelos nossos pecados, ressarciu a Deus por nós, pagou a divida que tínhamos perante Deus, e através do sacrifício da cruz reparou toda ofensa contra o coração de Deus.

No Catecismo da Igreja Católica diz assim: “A Reparação quer nos levar a uma plena saúde espiritual, é mais do que apenas confessar os nossos pecados, vai além do arrependimento, é concretamente um ato penitente após a confissão.” Por isso, é corretíssimo que o Padre indique uma penitência ao pecador, como forma de também reparar as conseqüências geradas pelo mal que cometerá, independente do grau que foi o pecado. Diz ainda o Catecismo: Muitos pecados prejudicam o próximo. É preciso fazer o possível para reparar este mal (por exemplo: restituir as coisas roubadas, restabelecer a reputação daquele que foi caluniado, compensar as ofensas e injúrias). A simples justiça exige isso, mas, além disso o pecado fere e enfraquece o próprio pecador, como também sua relação com Deus e com o próximo. Absolvição tira o pecado, mas não remedia todas as desordens que ele causou. Liberto do pecado o pecador deve ainda recobrar a plena saúde espiritual, deve, portanto fazer alguma coisa a mais para reparar os seus pecados.” (Cat. 1459).
Este foi o caso de Zaqueu, depois de ter recebido em sua casa o Senhor da Misericórdia, “Jesus de Nazaré”, arrependido dos seus pecados, Zaqueu, faz em poucos segundos, uma rápida contabilidade da sua vida errônea, e então diante do Senhor ele mesmo determina a sua reparação: “vou repartir a metade de meus bens aos pobres e darei o quádruplo àqueles que prejudiquei.” (cf. Lc 19, 1-10). “Toda falta cometida contra a justiça e a verdade impõe o dever de reparação, mesmo que o seu autor tenha sido perdoado”. Cat. 2487

Não basta o perdão e a absolvição ao confessar nossos pecados, é preciso do ato de reparação para ser plena a nossa conversão. Quero me aprofundar um pouco mais neste sentido, mas para o texto não ficar muito extenso, vamos fazer uma pausa aqui para ruminarmos durante esta semana o que acabamos de refletir sobre a reparação.
Que Deus te abençoe e desperte em você o mesmo amor que motivou a Jesus a oferecer a sua vida na cruz por amor a Deus, em reparação as ofensas com que Ele é ofendido.
Santa Maria rogai por nós!

Marcelo Pereira