sexta-feira, 15 de maio de 2009

As quatro Virtudes Cardeais

As quatro Virtudes Cardeais

As quatro virtudes Cardeais surgem em primeira mão no livro de Sabedoria 8,7 como virtudes indispensáveis na vida de todo homem.

No Catecismo da Igreja Católica, estas quatro virtudes levam o nome de Cardeais e também tem nome similar com o mesmo sentido:

- Justiça (que é justiça mesmo)

- Prudência (que é a inteligência)

- Temperança (que é a medida)

- Fortaleza (que vem da coragem)

As quatro virtudes Cardeais tem como objetivo desenvolver riquezas em nossas almas e de nos conduzir até o nosso verdadeiro eu.

Na bíblia encontramos estas palavras em diversas situações que de forma isolada uma da outra traduz muito bem o sentido a que elas se destinam. Da mesma forma que estudamos os 9 frutos do Espírito Santo sob o testemunho de Nossa Senhora, iremos seguir também o mesmo itinerário a fim de descobrir riquezas escondidas por de trás da vida de Nossa Senhora.

Vamos ver que necessitamos abastecer-nos destas fontes para que a nossa vida tenha êxito.

Nos próximos artigos vamos estudar cada uma destas virtudes, fique atento…

Com carinho, Marcelo Pereira

Autodomínio

Autodomínio, nono fruto do Espírito Santo

Com este fruto, estamos concluindo nossa reflexão sobre os noves frutos do Espírito Santo como fonte de vida interior. Para mim foi uma experiência enriquecedora refletir estes noves frutos sob o testemunho e a vida de Nossa Senhora.

Tentamos seguir a seqüência de Paulo nas cartas aos Gálatas, e parece que propositalmente o autodomínio foi o último fruto da sua lista, por ser um fruto que de certa forma depende um pouco dos outros.

Em grego a palavra “ENKRATEIA” firma o significado da palavra abstinência que é o caminho que se pode chegar ao autodomínio de si próprio. Em outras palavras podemos dizer que o autodomínio é a virtude de alguém que possuí domínio e poder sobre algo, mas sobre tudo sobre si mesmo.

Paulo tenta explicar este conceito quando ele fala do atleta, onde o atleta precisa cultivar uma seria disciplina se quer alcançar alguma vitória ou a coroa merecida. II Tim 2,4

O autodomínio se passa pelo exercício diário de dominar tudo aquilo que nos rouba a liberdade. É certo que hoje em dia a palavra liberdade também caiu no descrédito pelo fato de muitas pessoas tê-la confundido com a palavra libertinagem, mas a verdadeira liberdade é aquela em que eu tenho o domínio de escolher o que é certo e o que é conveniente para mim e para os outros. São Paulo também gosta muito de falar da liberdade da carne e a liberdade do Espírito, Gal 5,13. Para Paulo a carne em seus desejos, opõe-se ao Espírito Santo, e que seus frutos se distinguem uns dos outros. Daqui, saíram os noves frutos do Espírito Santo e também os frutos da carne que vamos refletir mais para frente. Isto justifica ser o último fruto citado por Paulo por ser também um dos mais difíceis de obter. Este autocontrole de si próprio é que vai nos proporcionar a viver a nossa vida com equilíbrio, e sem este fruto certamente será difícil ser santo, pois a santidade consiste em dominar todas as vontades do homem velho e viver segundo o homem novo transformado pelo Espírito Santo de Deus. Quem se deixa dominar por suas paixões perde a sua força interior.

Neste contexto quero apenas ressaltar a postura de Maria durante seu trajeto ao lado de Jesus na Paixão de Cristo. Quando o evangelista afirma dizendo que Maria se manteve de pé diante daquele suplicio que via passar seu filho Jesus, ele estava ao mesmo tempo dizendo que Maria tinha o controle em suas mãos de todas as suas emoções e sentimentos estigmatizados pelo sofrimento de cada estação que seus olhos contemplaram. Não se trata de uma repressão, e sim de uma escolha livre de dominar aqueles sentimentos que poderiam transmitir revolta ou desespero para Jesus. No filme do Mel Gipson é nítido que Jesus por muitas vezes se levanta do chão com um novo vigor quando ele conseguia fixar os seus olhos nos olhos de sua mãe no meio de toda aquela multidão.

Se quisermos produzir tais frutos, temos que tentar fixar nossos olhos nos olhos de Maria no meio das tantas dificuldades e obstáculos que nos cercam no dia a dia.

Espero poder ter ajudado você nesta simples partilha que caminhamos sob os noves frutos do Espírito Santo. E quero terminar afirmando que estes nove frutos nos são necessários para tornar a nossa vida plena e saudável.

Nos próximos artigos vamos conhecer as quatro virtudes cardinais.

Com carinho Marcelo Pereira

Paciência

Paciência, oitavo fruto do Espírito Santo

Estamos quase a concluir esta série dos 9 frutos do Espírito Santo. Hoje vamos refletir sobre o fruto da PACIÊNCIA.

São Pedro ao falar do dia do Senhor consegue traduzir muito bem o significado da palavra paciência. Ele diz; “Deus está demonstrando paciência para conosco, pois não quer que alguns se percam, mas que todos se salvem” II Pedro 3,9. Em outras palavras São Pedro está dizendo que Deus não teria necessidade de esperar mais tempo para intervir neste mundo, mas que pelo grande amor que Ele tem por cada um de nós, Ele usa de muita paciência para com aqueles que ainda não alcançaram a conversão necessária para a salvação. Por tanto, a paciência é um fruto necessário para lhe dar com os limites dos outros. Quem se apodera deste fruto é capaz de contemplar a bondade e a beleza que se esconde por detrás dos defeitos dos outros.

É bom lembrar que nós estamos em obras, nossa vida vai se construindo ao longo da história, e isso requer muita paciência. Quando estamos em construção em nossa casa ou mesmo uma simples reforma, nossa vida fica uma bagunça que só, irritamos com as coisas fora do lugar, com a poeira, barulho e toda demora que uma construção requer. É preciso usar de muita paciência que queremos experimentar a beleza que está por vim após a casa construída ou reformada. Depois de pronto a casa fica com um cheirinho de nova e aí tudo muda também dentro de nós, sentimos um vigor novo, um prazer de estar em casa e desfrutar da recompensa de ter tido paciência.

Agora imagina isso acontecendo conosco nesta casa que é o nosso coração. Nosso coração está em obra por toda vida e certamente só vamos contemplar está casa pronta na vida eterna.

Eu quis dizer tudo isso para afirmar a importância de tornar a nossa vida mais saudável.

Maria compreende perfeitamente este processo da paciência. Ela que usou de muito deste fruto diante de todos os desconfortos que o seu sim trouxe sobre si ao aceitar o plano de Deus em sua vida. Maria ganhou a predileção de Deus, mas também o sofrimento, perseguição, dor e uma vida inteira exigente. Não é a toa que ela leva o nome de Nossa Senhora das Dores, Mãe da paciência, Virgem dolorosa, ela que teve seu coração transpassado pela espada do sofrimento só venceu por que muito amou, mas apoderou-se do fruto da paciência para conseguir tal vitória.

Ser paciente não é ser passivo diante dos problemas, mas é uma virtude necessária para dialogar com o nosso mundo interior, nossas emoções e temperamentos e assim encontrar tempo para assimilar a melhor resposta, a mais adequada para cada situação.

Que Maria nos ensine o verdadeiro caminho da paciência para alcançarmos a salvação nossa e dos outros.

Com carinho Marcelo Pereira