quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Espiritualidade do sofrimento


Pode se parecer estranho dizer isso, mas pode acreditar, por detrás do sofrimento se esconde uma graça particular, uma força sobrenatural capaz de transformar o próprio sofrimento em bens espirituais.

Mas como assim? Que tipo de benefício pode trazer o sofrimento? Bem, me deixa explica.

João Paulo II foi um dos Papas que teve seu pontificado como um dos mais marcados pelo sofrimento, pois, após ter sobrevivido a três tiros no peito na Praça de São Pedro no dia 13 de Maio de 1981, o sofrimento passou a ser o cálice diário de João Paulo II que o acompanhou até na hora da morte। E foi exatamente pelo fato de João Paulo II ter entendido na própria carne o sentido do sofrimento, que o próprio Espírito Santo o conduziu a compôs a próprio punho, um documento cujo tema é “O sentido cristão do sofrimento humano”.
Então, a partir da leitura deste documento, podemos afirmar que o "sofrimento” trás em si cruz e ressurreição”.
“No sofrimento se esconde uma força particular que aproxima interiormente o homem de Cristo, uma graça particular” (O sentido cristão do sofrimento humano)
Veja, pode até parecer um certo masoquismo afirmar isso, mas uma coisa é certa, depois da cruz de Cristo, nenhum sofrimento tornou-se insuportável. Cristo alcançou o ápice do sofrimento, e alcançou por nós, “o Redentor sofreu no lugar do homem e em favor do homem”, (O sentido cristão do sofrimento humano) Ele tomou sobre Si as nossas dores, “homem de dores, familiarizado com o sofrimento (...) desprezado, brutalizado, ele se humilhou, não abre a boca: como um cordeiro é arrastado ao matadouro (...) Na verdade são os nossos sofrimentos que ele carregou”. (Isaías 53,3-7)
A chave que abre o entendimento no que diz respeito ao sofrimento humano, é justamente o que vem depois da cruz. “Na Cruz de Cristo, não só realizou-se a Redenção através dos sofrimentos, mas também o próprio sofrimento humano foi redimido”. A redenção já está garantida para aqueles que aceitarem passarem pela cruz. E atenção para palavra “aceitar”. Aceitar aqui não significa acomodar-se ou conformar-se com o sofrimento. Significa especialmente, entender que só em Cristo nossos sofrimentos tem sentido redentor, fora D’Ele, nenhum sofrimento pode ter beneficio. São João da Cruz, também apostolo da cruz de Cristo dizia, que “quem aceita o sofrimento por amor e com amor a Cristo, torna sua cruz mais leve”.
Por isso eu começo esta reflexão afirmando que o sofrimento é uma forma de espiritualidade, pois todo o sofrimento humano, seja ele qual for, precisa ser entendido sob a perspectiva de Jesus crucificado। A partir daí nossa cruz pode se tornar mais leve।
Está é também a espiritualidade de Fátima. Pelo sofrimento Deus revelou aos três Pastorinhos, uma via de salvação que transforma a dor do homem ferido em remédio a própria alma.
Quereis oferecer-vos a Deus para suportar todos os sofrimentos que Ele quiser enviar-vos, em ato de reparação pelos pecados com que Ele é ofendido e de súplica pela conversão dos pecadores?” (Memórias da Ir। Lúcia)


Sobre a resposta dos Pastorinhos a está pergunta de Nossa Senhora em Fátima, quero deixar para refletir num próximo post, mas quero terminar esta reflexão afirmando que, aquilo que é para nós um peso, uma cruz sem sentido ou um sofrimento desnecessário, pode ser redirecionado a uma via de espiritualidade que poucos conseguem enxergar principalmente ao calor da dor que o sofrimento trás, mas que existe e está accessível a todos, ou seja, apesar de ser uma graça particular como exprimiu João Paulo II em seu documento citado a pouco, é acima de tudo uma graça necessária a todos nós, por tanto o convite que Deus nos faz aqui, é um convite a intimidade com Cristo sofredor, o Cristo da Cruz, o mesmo que ressuscitou.
É um caminho que precisamos trilhar, é acima de tudo uma resposta que precisamos dar, pois foi Jesus que disse: “Se alguém me quer seguir, renuncie-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me” Mac 8,34

Que Maria a mãe das dores, nos ajude a tirar as escamas que o próprio sofrimento colocou sobre nossos olhos da fé, que tem nos impedido de enxergar ou dar sentido aos nossos sofrimentos nos conduza a uma espiritualidade capaz de dar sentido aos nossos sofrimentos.

Com carinho Marcelo Pereira