quarta-feira, 27 de abril de 2011

Alma Mater

“Alma Mater”, Mãe escondida e secreta, era assim que São Luís Grignion de Montfort chamava Maria. Característica própria da humildade de Maria que quis se esconder dos olhos humanos para ser conhecida somente por Deus.
Alma mater é uma expressão de origem latina que pode ser traduzida como “a mãe que alimenta ou nutre”.
O termo era usado na Roma antiga como um título para a deusa mãe, e, durante o Cristianismo medieval para aludir à Virgem Maria.  Nos tempos modernos, o termo é utilizado para referir-se à universidade, realçando a função da instituição como fornecedora alimentar para a faculdade intelectual.
Maria se manteve oculta durante sua vida na terra para que nada ofuscasse o brilho da luz de Cristo. A sua graça por ter sido ornada e escolhida por Deus para ser a mãe de Cristo poderia atrair os olhos dos homens para sua pessoa, mas Maria escolheu se esconder debaixo da luz de Cristo a fim de que a sua grandeza não desviasse os homens da luz maior, que é Cristo Jesus.
Nem mesmo os evangelhos revelam a grandeza de Maria para que também as gerações futuras não corressem o mesmo risco. Maria se revestiu de humildade, mas sua grandeza, suas riquezas e graças se manteve escondidas em Deus, passando assim despercebidas aos olhos de toda criatura humana. Contudo, o mesmo Deus que ocultou a beleza de Maria, é o mesmo que agora quer revelar ao homem. Já começou por revelar na anunciação do Anjo Gabriel “Salve ó Maria, cheia de graça, o Senhor é contigo, pois encontraste graça diante dos olhos de Deus”. Deus não só começou revelar os segredos de Maria aos homens como também intensificará nos fins dos tempos.
Maria é um tesouro a ser esculpida, mesmo que os homens venham a conhecê-la plenamente, Maria continuará sendo humilde, pois nem mesmo sendo reconhecida cheia de graça aos olhos de Deus, nem assim ela deixou de ser pequena e serva “…eis aqui a escrava do Senhor, faça-se de mim segundo a Tua vontade”. Da mesma forma, mesmo que chegarmos a um alto conhecimento das grandezas de Maria, jamais diminuirá a sua virtude de ser serva e humilde, pois no Céu, sua humildade prevalece ainda com mais excelência. Por outro lado, aquele que fazer a experiência com as riquezas de Maria será tão facilmente contagiado por seu brilho, que não voltará a enxergá-la simplesmente com os olhos da carne, mas também com os olhos de filhos que acolhe a ama.
Na difícil caminhada de nossa vida cotidiana temos que olhar para João o discípulo que Jesus amava e aceitar como ele aceitou acolher Maria em nosso coração que, a pedido do próprio Jesus, leva Maria para casa, não apenas como mãe de Jesus, mas agora como sua mãe também.
Mãe santíssima revelar-nos a tua grandeza, as tuas graças, os teus tezouros sem deixar-nos perder de vista a graça maior que é Jesus nosso Senhor. Pedimos ó mãe, que seja revelado a nós apenas aquilo que vai edificar a nossa alma, que vai nos levar para Deus, prevalecendo também em nosso coração à mesma humildade de quem busca servir a Deus na miséria e na pequenez de coração.
Assim seja ó Mãe…
Marcelo Pereira

Segunda via de sofrimento

Estamos caminhando e refletindo sobre a “Espiritualidade do Sofrimento”, tendo como pano de fundo a espiritualidade dos três Pastorinhos de Fátima

No último post vimos a primeira via de sofrimentos qeu consciste naqueles sacrifícios que podemos oferecer a Deus e desagravo e consolo aos corações de Jesus e Maria. Já na segunda via, julgo eu, ser a mais difícil, pois não a escolhemos, mas é o próprio Deus que nos seus mistérios insondáveis, nos permiti passar pelo fogo do sofrimento a fim de demonstrar seu profundo amor por nós, sendo Ele o primeiro a aceitar o desafio da reparação através da cruz, cujo nenhum de nós foi poupado. Por tanto, os sofrimentos que os Pastorinhos enfrentaram permitidos por Deus, tal como Nossa Senhora havia predito na aparição, deve ser entendido como uma forma de espiritualidade, uma via eficaz que possibilita a alma vislumbrar o Céu.  “Ides, pois, ter muito que sofrer…” (Memórias da Ir. Lúcia)
Penso ter sido um dos momentos mais sofridos da vida dos Pastorinhos, o episódio do dia 13 de Agosto, um imprevisto, que tardou a aparição de Nossa Senhora para dia 19. O administrador Artur de Oliveira Santos, retém os Pastorinhos presos durante três dias, ora em sua casa, ora na cadeia municipal.
Era dia 13 de Agosto de 1917, quarta aparição. Estavam os Pastorinhos presos durante todo aquele dia…
“À Jacinta, o que mais lhe custava era o abandono dos pais; e dizia, com as lágrimas a correrem pela face:
- Nem os teus pais nem os meus nos vieram ver. Não se importam mais de nós!
- Não chores, disse-lhe Francisco. Oferecemos a Jesus, pelos pecadores.
E levantando os olhos e as mãozitas para o Céu, fez ele o oferecimento: Ó meu Jesus, é por Vosso amor e pela conversão dos pecadores.
A Jacinta acrescentou: É também pelo Santo Padre e em reparação dos pecados cometidos contra o Imaculado Coração de Maria”.
É impressionante a atitude dos Pastorinhos. Para Francisco o que mais o contristava era o fato da possibilidade de Nossa Senhora nunca mais lhes aparecer. Quanto a Jacinta, chorava com saudades da mãe e da família, porém, Francisco tentava animá-la dizendo: “A mãe, se não tornamos a ver, paciência! Oferecemos pela conversão dos pecadores. O pior é se Nossa Senhora não volta mais! Isso é o que mais me custa! Mas também o ofereço pelos pecadores”. (Memórias da Ir. Lúcia)
Certamente, as pequenas crianças de Fátima não desejaram passar por este sofrimento, e nem mesmo escolheram está via por falta de opção, mas ao contrário, aceitaram de muita boa vontade como um bom soldado de Cristo à todos sofrimentos que lhes bateram a porta, e mesmo em grau de perigo. “Assume o teu quinhão de sofrimento como um bom soldado de Cristo Jesus” (II Timóteo 2,3). Eles foram capazes de dialogar com o mundo dos sentimentos, e agindo com consciência e maturidade no mundo espiritual, deram uma resposta heróica diante de Deus. Porém, mal sabiam eles que os sofrimentos de que falava Nossa Senhora eram semelhantes com certas torturas que costumamos ver em campos de concentração.
Para arrancar o segredo dos Pastorinhos, o Administrador, Artur de Oliveira Santos, não poupou esforços. Começou por lhes oferecer presentes e lhes fazer as mais lisonjeiras promessas. Mas os Pastorinhos por sua vez não se amoleceram. Então o administrador mandou seus guardas prepararem uma caldeira de azeite a ferver para os fritarem vivos, caso não quisessem revelar o segredo.
A primeira a ser provada foi Jacinta. Aparece um guarda com voz ameaçadora e grita: “Ou dizes o segredo, ou morres!
Como a pequena Jacinta responde “não”,
o guarda arrasta-a atrás de si.
Foi imediatamente sem se despedir de nós. Enquanto a interrogavam, o Francisco dizia-me com imensa paz e alegria:
Se nos matarem, como dizem, daqui a pouco estaremos no Céu! Mas que bom! Não me importa nada”.
Depois de alguns segundos, Francisco acrescenta: “Deus queira que a Jacinta não tenha medo. Vou rezar uma Ave-Maria por ela!”.
Como Francisco e a Lúcia responderam com a mesma heróica coragem, são ambos condenados à morte e lá vão corajosos, ao seu encontro.
Mas veja, não passava de uma maldosa façanha, de um cruel julgamento. Depois de ter fracassado com infrutíferas tentativas de lhes tirar o segredo, o Administrador reconduz então a Fátima os três Pastorinhos, na tarde do dia 15 de Agosto, festa da Assunção de Nossa Senhora, tendo então Maria, voltado a aparecer no dia 19, Domingo.
A heroicidade dos Pastorinhos, sem dúvida, é autêntica, simplesmente pelo grande desejo de consolar e reparar os Corações de Jesus e de Maria, mas, sobretudo, no profundo anseio de ver a conversão dos pecadores, e a salvação das pobres almas agonizantes na visão do inferno. “Nenhum sacrifício é mais agradável a Deus do que o zelo pela salvação dos homens…” E também: “O valor do mundo inteiro não se pode comparar com o valor de uma só alma” (S. Gregório Magno). Por isso, que cada sacrifício oferecido a Deus, seja ele voluntário ou involuntário, enviado por Deus ou não, tem o seu sentido único na Cruz de Cristo, lugar da redenção de todo homem. As virtudes dos Pastorinhos de Fátima não tiveram a finalidade de santificar apenas a eles próprios, mas sobre tudo, demonstraram uma profunda preocupação com as pobres almas sofredoras. A missão dos pastorinhos era justamente ajudar “salvar a todos”. “… ficai sabendo que quem reconduzir um pecador do caminho em que se extraviava lhe salvará a vida e fará desaparecer uma multidão de pecados”. (Tiago 5, 20)
Estar aberto a esta via de sofrimento e aceitá-la como benfício espiritual para nossa conversão e para a conversão de outros exige de nós muita intimidade com o cruxificado. Somente na intimidade com Cristo é possível enxergar que a cruz oferecida por Deus tem meritos de ressurreição, nisso precisamos crescer e buscar a cada dia, pois sem esta visão o sofrimento passa a tornar nossa cruz mais pesada que podemos carregar.
Marcelo Pereira

Duas vias de sofrimento dos Pastorinhos

Duas vias de sofrimento dos Pastorinhos

Existem vários tipos de sofrimento que poderíamos enumerar, porém é possível classificar na espiritualidade dos Pastorinhos duas vias de sofrimentos com virtudes de santidade.
A primeira via são os sofrimentos que eu posso oferecer a Deus voluntariamente através das práticas de piedade, “sacrifícios e penitências”. É espontâneo, é um ato que nasce da convicção do nosso amor para com Deus.
Já a segunda via, são representadas por aqueles sofrimentos que Deus nos envia segundo os seus desígnios com uma única finalidade de purificar a nossa alma. Ele sendo Deus e autor de todo bem, sabe tirar proveito até mesmo das conseqüências que o pecado original deixou em nós, permitindo-nos passar pelo fogo do sofrimento a fim de purificar o ouro “nossa alma”, até que estejamos em condições de refletir Jesus em nossa própria face. É uma via que caminha sobre o mistério da dor, mas que tem resultado de graças no seu percurso final. São dois caminhos distintos, mas intimamente ligados um no outro, com capacidade de dialogar com a virtude da sabedoria que nasce da humildade do coração dos três Pastorinhos que souberam administrar com maturidade os seus sofrimentos.
Vamos começar por conhecer alguns dos sacrifícios com características de sofrimento que os Pastorinhos ofereceram a Deus voluntariamente em ato de reparação pelos pecados com que Ele é ofendido, e de súplica pela conversão dos pecadores. São sofrimentos que partiram da iniciativa deles próprios, com um profundo sentimento de consolar os Corações e de Maria transpassados pela espada do pecado de toda humanidade.
Vejamos alguns exemplos que caracterizam esta primeira via.
Por vezes, os Pastorinhos não comiam a merenda, que era a sua refeição do meio-dia, para distribuírem primeiro às ovelhas e depois aos pobrezinhos, dizia o Francisco. “… demos a nossa merenda às ovelhas e fazemos o sacrifício de não merendar”. Deixavam muitas vezes de comer os figos e as uvas apetitosas que muitas vezes sua mãe lhes trazia enquanto brincavam. Jacinta, que nunca se esquecia dos pobres pecadores, disse: “Não os comemos – dizia ela – e oferecemos este sacrifício pelos pecadores”. Depois, saíam pela rua a levar as uvas apetitosas para as crianças que brincavam. Os Pastorinhos tinham costume de durante o tempo que cuidavam do rebanho se alimentarem das bolotas de Azinheira, uma árvore muito típica em Portugal. Um certo dia, a pequena Jacinta está a reclamar de muita fome, Francisco logo subiu a arvorezinha para encher os bolsos, mas Jacinta logo se atina que, recordando dos pobres pecadores, sugere a Francisco, trocar as bolotas da Azinheira pelas dos Carvalhos, que são extremamente amargas. Isso, só para oferecer como sacrifício pelos pecadores. Faziam habitualmente este sacrifício. Um dia Lúcia questiona dizendo: “Jacinta, não comas isso, que amarga muito”. E ela responde: “Pois é por ser amarga que eu como, para converter os pecadores”. Tinham também por costume de vez em quando, oferecer a Deus o sacrifício de passar uma novena sem beber água, e fizeram isso uma vez durante um mês inteiro em pleno verão em que o calor é sufocante. Certa vez, quando estavam a rezar o Terço na Cova de Iria e Jacinta sofria uma terrível dor de cabeça por causa da sede que sentia. Havia ali perto uma lagoa, onde várias pessoas lavavam roupas sujas e os animais iam beber água e banhar-se. Jacinta inclinou-se para beber daquela água, mas Lúcia interveio dizendo; “Desta não!” e sugeriu andar mais um pouquinho, a pedir sua Tia Maria dos Anjos, mas Jacinta responde: “Não! Dessa água boa não quero. Bebia desta, porque, em vez de oferecer a Nosso Senhor a sede, oferecia-lhe o sacrifício de beber desta água suja”. E acrescentou: “Nosso Senhor deve estar contente com os nossos sacrifícios, porque eu tenho tanta, tanta sede! Mas não quero beber; quero sofrer por seu amor”. Trazia ainda na cintura, uma corda e batiam com urtigas nas pernas. Francisco levou tão a sério, que além de passar o dia com a corda amarrada na cintura, dormia também com ela. Era tão forte este sacrifício que, Nossa Senhora, na aparição de Setembro, pede que Francisco modere este sacrifício. “Deus está contente com os vossos sacrifícios, mas não quer que durmais com a corda; trazei-a só durante o dia.” (Memórias da Ir. Lúcia)
Até os cantos dos grilos e das cigarras que atormentavam a pequena Jacinta, debilitada pela sede e pela dor de cabeça, foram oferecidos em sacrifícios pelos pecadores. Lúcia um dia, apanhava severamente de sua mãe, com um cabo de vassoura, pois tinha sido acusada injustamente, de ter escondido um dinheiro que na verdade, ela nem recebera. Sua irmã Carolina, que foi testemunha de que Lúcia era realmente inocente, aliviou-a de maiores sofrimentos, mas que por sua vez não desperdiçou a oportunidade de também oferecer este sofrimento ao bom Deus.
Deixavam os divertimentos mundanos, tais como os bailes só para ter motivos de oferecer algum sacrifício a Deus. Passavam horas seguidas com a cabeça no chão, repetindo as orações que o Anjo havia ensinado.  “Havia no nosso lugar uma mulher que nos insultava sempre que nos encontrava – conta Lúcia. Encontrámo-la um dia quando saía duma taberna, e a pobre, como não estava em si, não se contentou dessa vez só com insultar-nos. Jacinta diz-me: – Temos que pedir a Nosso Senhor e oferecer-lhe sacrifícios pela conversão desta mulher. Diz tantos pecados que, se não se confessa, vai para o inferno.
Passados alguns dias corríamos em frente da porta da casa desta mulher. De repente, a Jacinta pára no meio da sua carreira e, voltando-se para trás, pergunta:
- Olha, é amanhã que vamos ver aquela Senhora?
- É, sim.
- Então não brinquemos mais. Fazemos este sacrifício pela conversão dos pecadores.
E sem pensar que alguém a podia ver, levanta as mãozinhas e os olhos ao céu e faz o oferecimento. A mulherzinha espreitava por um postigo (pequena porta) da casa. E depois, dizia ela à minha mãe que a tinha impressionado tanto aquela ação da Jacinta que não necessitava de outra prova para crer na realidade dos fatos. E daí para o futuro não só nos não insultava, mas pedia-nos continuamente para pedirmos por ela a Nossa Senhora que lhe perdoasse os seus pecados. Eis uma conversão devida aos sacrifícios dos Pastorinhos, sobretudo da Jacinta”.
Esses foram alguns dos exemplos que confirmaram a santidade dos Pastorinhos. “A penitência impele o pecador a suportar tudo de boa vontade” (Cat 1450). Para os Pastorinhos, o que importava era consolar os Corações de Jesus e de Maria, tão ofendidos pelos pecados da humanidade, tudo lhes podia ser útil para transformar-se em sacrifício, o prazer do paladar, os divertimentos e descansos, até mesmo, sacrificar o próprio corpo para consolar a Deus. Tudo isso, com muito boa vontade, sem reclamações ou exibições, com profunda devoção e seriedade.
Para que não se prolongue muito a leitura deste tema, no proxímo post vamos conhecer a segunda via, porém é muito importante que você assimile bem esta via para dar continuídade no tema principal que é a “Espiritualidade do Sofrimento”.
Peço que Nossa Senhora nos ajude na compreenção deste caminho que estamos fazendo sobre a espiritualidade de Fátima, pois ela mesma quis que todos nós tivessemos o conhecimento desta via que por ela os Pastorinhos passaram para chegar ao Céu.
Salve Maria!
Marcelo Pereira

Consolar os corações de Deus, Jesus e Maria

Aprofundando um pouco mais no que toca o tema reparação, quero reafirmar o sentido pelo qual o sofrimento tem sentido redentor na vida do homem. A reparação vem dar sentido ao sofrimento humano, mais do que isso, a reparação tem poder de aliviar a dor causada pelas ofensas com que Deus, Jesus e Maria são ofendidos.
No post anterior começamos a perceber que, os nossos sofrimentos sejam eles voluntários ou não, podem ser oferecidos a Deus em ato de reparação dos pecados que eu cometi, e que outros cometeram, mas acima de tudo, com a reta intenção de consolar os corações de Deus, de Jesus e Maria, transpassados pelos pecados da humanidade. É mais do que justo, que eu me sacrifique por aqueles que continuam a ofender estes três corações, não podemos ficar inerentes ao apelo de conversão e reparação feito aqui.
Portanto, reparar não é um castigo imposto a nós, muito menos uma questão de troca de favores, pois de graça recebi, de graça devo oferecer.
Jesus foi o primeiro a oferecer a Deus este consolo e o fez de forma gratuita, reparou nossos pecados que ofendiam o coração de Deus, “Cristo tomou sobre Si as nossas dores, Ele morreu para que tivéssemos o perdão.” (cf Is 53, 6). Estávamos condenados à morte como um boi destinado ao matadouro, mas Cristo assumiu a nossa culpa, pagando o preço com o seu próprio sangue a dívida que tínhamos com Deus, devido à desobediência dos nossos primeiros pais (cf. Rom 5, 7). Ele não nos pediu nada em troca, foi gratuitamente que ele dispôs-se abraçar a sua Cruz, que no fundo no fundo, era a nossa cruz, e como um cordeiro, Cristo foi imolado, sacrificado por toda a humanidade. Cristo só espera de nós que, creiamos Nele e sejamos Santos. “Esta é a vontade de Deus a nosso respeito, que sejamos Santos assim como Vosso Pai que está no Céu é Santo.” (cf. Rom 3, 21).
Esta Reparação está ao alcance de todos, aceitá-la, é ao mesmo tempo, corresponder ao amor gratuito de Deus por nós, e contribuir no plano de salvação de toda humanidade. É indenizar a Deus devolvendo a Ele amor roubado pelos pecadores, cujo qual eu sou o primeiro.
Fátima é um convite dos tempos atuais para reparar toda ofensa contra os corações de Jesus e Maria, consolar estes dois Sacratíssimos Corações transpassados pela espada do pecado, da maldade e da ingratidão. Reparação significa, portanto, devolver a Deus o que lhe pertence, que é se não a concretização da nossa Salvação.
Eis o motivo pelo qual sofremos, “é feliz o homem que suporta a provação e os sofrimentos, porque depois de provado e testado, receberá a coroa da vida eterna”. (Cf. Tiago 1, 12) Há uma recompensa para quem assim proceder. O sentido que damos aos nossos sofrimentos é que vai determinar o tipo de recompensa que haveremos de receber. Infelizmente a nossa tendência é estamos sempre nos desviando da vida eterna quando não aceitamos os nossos sofrimentos e a cruz de cada dia. Quando fugimos dos nossos sofrimentos estamos fugindo da nossa própria cruz a que Jesus nos disse que sem ela não é possível ser seu discípulo, pois esta atitude de repulsa contra tudo que nos faz sofrer é própria do demônio, é característica dele fugir da cruz, porém nós somos convidados a utilizar de todos os nossos sofrimentos para sermos santos, para nos tornarmos inabaláveis na fé e fortes na provação. Eis o segredo para se chegar ao céu, aqui está à escada da felicidade eterna.
Já podemos pedir a intercessão dos beatos Francisco e Jacinta Marto, beatificados no ano 2000 por João Paulo II, que voluntariamente escolheram subir pela escada do sofrimento, e que em breve também poderemos pedir a intercessão de João Paulo II que será beatificado no dia 1 de Maio. Que ao exemplo deles, Maria nos ajude a subir degrau por degrau até alcançarmos o Céu.
Maria, porta do Céu rogai por nós!
Marcelo Pereira