quinta-feira, 10 de julho de 2008

As Trevas não são o contrário da luz…

Para a Glória de Cristo Rei e da Virgem Prudentíssima, Maria Mãe da Igreja!

”As Trevas não são o contrário da luz, mas a sua privação”. (Parte I)
(Santo Tomás de Aquino – De Malo, I, a. I, ad.5)

I – A Luz e as Trevas do Homem
A dignidade do ser humano vez ou outra é colocada em maior realce, infelizmente ela é debatida com maior vigor quando em dados momentos da história a humanidade é atacada de forma brutal, severa e inconseqüente. Vemos por excelência os sistemas de poder que usaram de suas ideologias para massacrar milhões de seres humanos, hora retirando-os de seus lares, famílias, amigos, de suas terras onde nasceram e cresceram; outrora usando da maquina da morte, ceifando vidas, violando a sacralidade do corpo, retirando deles aquilo que só ao Pai Eterno pertence e só Ele exerce pleno poder.
Focando nossas atenções no fim da primeira metade do século XX, vemos que a dignidade humana se tornou um termo recorrente, passou a compor o texto das inúmeras constituições chamadas de modernas, com o Estado Democrático de Direito encabeçando, com suas debilidades, o poder de zelar por sua aplicação. Com as Guerras Mundiais, a humanidade vítima de si própria, experimentou o amargo gosto da ignorância absoluta, ao presenciar o período negro do nazifacismo e do comunismo, onde milhões de homens e mulheres se tornaram alvo da crueldade sem precedentes. Um período negro, quando o poder dos “poderosos” desse mundo se construiu sob a bandeira da aniquilação dos opositores do regime comunista e do holocausto dos inimigos idealizados do nazifacismo; porém a humanidade, mesmo assim, fez uma experiência de si própria, logo, fez uma experiência de Deus, quando constatou que o “status quo” deveria ser rompido – Tal status era degradante, porque o ser humano era visto como um mero instrumento que seria manipulado e descartado com violência de acordo com os interesses dos operadores das máquinas de guerra – mulheres, grávidas, idosos, crianças, homens sofreram o peso da mão poderosa do comunismo e do nazifacismo. O poder se constituía sob a capa da desumanidade, por isso, opostamente ao desumano constatou-se o humano, o valor, a dignidade, a potência de ser e viver uma moral que rompe com as cadeias do poder, que usa da máquina estatal para a aniquilação. A vida é santa e deve ser mantida em detrimento da morte e da insanidade; não há nada no ser humano que não seja dado por Deus. Todo e qualquer lampejo que dignifica verdadeiramente a vida é decorrente do Absoluto. A assistência que Deus dá aos filhos através da razão, se faz porque toda experiência humana é incompleta e imperfeita se feita de forma egoísta, logo, fora de Deus; por isso não se pode retirar Deus da história humana que é história de Deus – a história pertence ao Criador da História -. Ter condições de se determinar livremente sem que isso incorra na morte, ou pior ainda, na morte idealizada por aqueles que detêm o poder, fruto de uma máquina mortífera planejada nas suas mais concretas minúcias, é elemento essencial para que os filhos de Deus possam ter a garantia de se manterem vivos, sem que a loucura seja a pauta do momento.
”As concepções de Hitler e de seus asseclas[…]. A mais dura quadra, a mais triste, a mais cruel, aquela que nos deixou marcados para o resto da vida foi a II Guerra Mundial […] judeus exterminados nos campos de concentração de Auschwitz, de Dachau […]. Antes, porém, experiências sem nenhum sentido científico utilizaram esses seres humanos como cobaias, legando a alguns sobreviventes, a seus amigos e familiares, e à humanidade como um todo lúgubres memórias e marcas indeléveis de dor e de aflição”. “Esse quadro de espanto e terror, bem sinaliza os fundamentos que estruturaram o estado alemão sob o signo do que se chamou de nacional-socialismo, em que Hitler, havendo haurido em Joseph Artur de Gobineu (1816/1882) os primeiros rudimentos para a montagem da catástrofe, promoveu a insana ação que resultou no morticínio de milhões de judeus, sob a monstruosa concepção de raça inferior e impura e coisas do gênero”(Supremo Tribunal Federal – Habeas Corpus 82424).
veja a segunda parte deste texto no proxímo artigo, aguarde…

por Carlos Eduardo Maculan