domingo, 1 de fevereiro de 2009

O curioso caso de Benjamin Button

Certos filmes têm histórias que por si só já valem a ida ao cinema. Este é o caso de “O Curioso Caso de Benjamin Button”. O filme conta o drama baseado no clássico romance homônimo escrito por F. Scott Fitzgerald nos anos de 1920, Benjamin Button, (Brad Pitt), um homem que misteriosamente começa a rejuvenescer e passa a sofrer as bizarras conseqüências do fenômeno.

Benjamin, estranhamente, surge na história aos seus 80 e poucos anos - na New Orleans de 1918, quando a Primeira Guerra está chegando ao fim - e a partir disso começa a ficar mais jovem.

Agora veja o que é um instrumento nas mãos da pessoa certa. Uma obra da literatura pode sim se tornar um grande filme e ultrapassar as perspectivas do próprio livro como temos visto ultimamente em bons filmes, isso sim é adaptação.

O Curioso Caso de Benjamin Button, dirigido por David, traz a adaptação do conto homônimo de F. Scott Fitzgerald feita por Eric Roth a quem assina a versão final do roteiro e que por sinal é o mesmo de Forrest Gump e Robin Swicord (que recentemente estreou como diretora do longa O Clube de leitura da Jane Austin).

Veja o trailler

Eu particularmente, já fiz umas boas reflexões sobre o filme, mas confesso que ainda estou digerindo e ruminando a longitude que está história tem capacidade de nos levar através de uma boa reflexão. É difícil de imaginar uma pessoa nascendo aos 80 anos e construir sua vida de traz pra frente, ou seja, enquanto eu sigo o ciclo normal da minha natividade, Benjamin vem na contra-mão mostrar a vida de um outro ponto de vista, neste caso no ponto de vista de uma pessoa mais madura com a experiência de uma pessoa de 80 anos.

Veja o tlailer original

Na verdade, F. Scott Fitzgerald quis refletir sobre a velhice e a partir desta inspiração ele constrói uma história extraordinária que nos leva a entender a partir do ponto de vista do personagem Benjamin Button, o mundo misterioso dos idosos.

Como não estar convicto de que a humanidade tem caminhado para um programa de vida acelerado e modernizado fundado em uma qualidade de vida que despreza completamente aquele que não consegue acompanhar o ritmo. Certamente os nossos idosos passaram de integrante da humanidade para escorias do mundo modernizado.

Quem pode entender o que se passa na mente e no coração daqueles que um dia lutaram e trabalharam para que estivéssemos numa posição aceitável? Quem poderia explicar os tantos sentimentos de rejeição e abandono que se acumulam na consciência de um idoso esquecido em um asilo ou deixado para traz, sem falar daqueles que estão lá porque a família não tem tempo de cuidar ou não sabem como lidar com os limites da idade? Será que amanhã não será eu e você no lugar deste idoso? Que futuro nos espera quando a perna não conseguir corresponder mais o comando da mente? Quem será capaz de nos compreender quando a visão ficar turva, mãos tremulas, e a beleza escondida debaixo de umas tantas rugas?

O processo de envelhecimento faz parte do ciclo da vida e não pode ser excluído do programa de vida do homem, nem mesmo do homem moderno. Se aqueles que ditam as regras não incluírem em seus objetivos primordiais os cuidados necessários para dar qualidade de vida e inclusão social aos idosos, em pouco tempo Benjamin de Button deixara de ser um livro, e de um filme passará a ser real. O silêncio e a solidão dos nossos idosos reclamaram por justiça sob nossas consciências e o peso da nossa omissão pode nos levar para um asilo eterno.

Desculpa-me deter me delongado um pouco mais sobre este ponto de vista, mas o filme é muito mais abrangente ainda. Há uma cena no filme que não vou contar agora para não tirar o seu sabor de degustar o momento, mas diz que a velhice é um ótimo momento para se pedir e dar o perdão, pois a experiência vivida já é suficiente para reconhecer que não vale a pena levar magoas para a outra vida que nos espera.

Para alem destas reflexões, devo enfatizar aqui o maravilhoso trabalho de maquiagem e interpretação, pois os principais atores do filme tiveram que interpretar as três fases da idade de modo especial Brad Pitt interpretando Benjamin Button e Daisy por Cate Blanchet. (Não é a toa que o filme já conta com 13 indicações de Oscar.

No fundo no fundo, eu estou mesmo é te convidando para ir apreciar o filme, pois é um ótimo entretenimento educativo além de ser um lindo filme, e estou certo que você tirará muitas outras conclusões que irá te ajudar muito a ver a vida do ponto de vista do idoso que um dia todos nós seremos se Deus permitir.

Deus abençoe você

Marcelo Pereira