segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

O que é o arrependimento quando não há escolhas

Estes dias estive refletindo sobre este tema; como se arrepender quando não há mais escolhas. Parece hipotético, mas no fundo tem um sentido muito interessante.

A vida toda, temos a oportunidade de lavar a alma por meio do arrependimento acompanhado pela conversão do coração. Este processo é longo e doloroso que se passa por duas vias; decidir por uma vida melhor ou permanecer no erro, ambas não esquivam o sofrimento, pois até mesmo para se converter dói, é como um parto, a vida que sai do ventre de uma mãe é linda e maravilhosa, mas o processo de nascimento é doloroso.

A primeira via depende única e exclusivamente de uma decisão nossa que comporta dor e sofrimento, porém com possibilidades de liberdade e felicidade até o fim da vida. Escolher nascer requer coragem, tal qual se converter requer renuncia.

Já a segunda via que é permanecer na vida velha, no erro, não depende muito da nossa escolha, pois permanecer no erro nem sempre é por uma escolha, mas sim, por falta de fazer alguma escolha sensata.

Agora, o que acontece quando o arrependimento não comporta mais escolhas?

Primeiro é preciso entende que o arrependimento antecede um processo de conversão, porque ninguém se converte sem antes não cai de joelho diante da própria consciência e se banhar nas lagrima da misericórdia de Deus, só depois deste autoconhecimento da nossa miséria é que conseguimos fazer escolhas maduras em direção a vida nova.

Então respondendo à pergunta a cima, podemos dizer que o arrependimento só não tem resultado quando morremos, pois com a morte o arrependimento morre também, simplesmente pelo fato do arrependimento ser um componente essencial e necessário para a conversão. No livro de Dande ele diz; “A alma só tem poder de escolha enquanto viva, portanto, viva se decide pelo céu ou pelo inferno, depois de morta, perde a capacidade de raciocinar e tomar decisões”. Com a morte não há mais possibilidade de se arrepender, muito menos de conversão, e este processo nos foi dado à vida toda.

Após a morte, o arrependimento não muda a nossa sorte, no mínimo se queremos ter a felicidade eterna precisaremos de purificação que não tem nada a ver com arrependimento. Neste sentido podemos dizer que a morte anula nossas possibilidades de escolhas e de mudanças por meio do arrependimento. Certamente a última escolha nossa seria o purgatório pautado não no arrependimento, mas sim na purificação das nossas más escolhas feitas em vida.

A vida é feita de escolhas, e o Céu é feito das nossas escolhas. Merecemos o Céu que escolhemos.

Deus abençoe todas as nossas escolhas, pois ainda há tempo para fazermos boas escolhas.

Marcelo Pereira