terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

“O Caçador de Pipas”

A minha opinião a respeito da amizade e de ser um verdadeiro amigo, mudou depois que eu assisti o filme “O Caçador de Pipas”.
Se trata de um filme ultraortodoxo islâmico do Talebã, que revela os conflitos da guerra no Afeganistão, mas que, centraliza o ápice do seu roteiro em torno da amizade de dois garotos: Amir, um garoto rico (interpretado por Zekiria Ebrahimi, que hoje tem 11 anos), e Hassan, filho de um serviçal pobre. A profundidade da trama do filme colocou a AMIZADE no mais alto nível das virtudes no relacionamento entre duas pessoas. Estamos vivendo uma época em que as nossas carências pessoais tem tornado nossos relacionamentos em um verdadeiros conflito em torno da fidelidade e da confiança, onde aquela idéia que “aquele que encontrou um amigo encontrou um tesouro” ou “o amigo é aquele que é capaz de dar a vida por você”, está filosofia já não faz mais parte da linguagem cativante do “Pequeno Príncipe”, que dizia: “Cativar é criar laços”. Infelizmente a nossa inocência de amar, de cativar o outro, de conquistar amizades profundas tem nos deixado num mundo interior solitário e escuro.
“O Caçador de Pipas” representa um suspiro, um grito de socorro a meio a esta turbulência que nos contagiou e que revela grandes feridas do nosso coração. Hassan, com um caráter e com uma dignidade invejável, se torna um ícone do amigo verdadeiro, um símbolo da perfeita amizade e um exemplo seguro que podemos seguir para alcançar a virtude do amor e da humildade. Já Amir, representa o homem ferido, machucado, incapaz de reconhecer seu próprio medo, sua própria fraqueza e de assumir que nunca é tarde para ser bom, para fazer o bem e ter uma consciência honrosa.
O filme é tão impactante que os meninos que o protagonizaram tiveram de fugir do Afeganistão, depois de terem sido ameaçados por seus compatriotas. Isso porque uma cena de abuso sexual enfureceu parte da população islâmica local. O lançamento do filme foi adiado em seis semanas para dar tempo suficiente para a mudança dos atores-mirins para fora do país.

Em fim, este filme demonstra que o perdão e a possibilidade de mudanças é possíveis no mundo de hoje, e que todos nós temos necessidade de amar e expressar este amor pelo outro que passa pelos trilhos da amizade e que tem como destino a conquista do amigo, do amigo puro, verdadeiro e fiel.
Depois de assistir este filme eu diria que: “Quem encontrou um amigo, encontrou o remédio para suas feridas e uma motivação para recomeçar uma nova história”.

Marcelo Pereira